
Porém, o isolamento numa cidade praticamente sem estrangeiros tem sido um duro teste para o atacante baiano e para sua família.
Já são dois meses em Jinan, uma nada cosmopolita cidade de 2 milhões de habitantes a 500 km ao sul de Pequim. Obina veio com a mulher, Luciene, e a filha de quatro anos, Sayonara.
A minúscula comunidade brasileira tem o zagueiro Renato Silva, 27, ex-São Paulo, que vive um drama pessoal: a mulher, Vanessa, está grávida e decidiu voltar ao Rio para ter o bebê, que deve nascer em julho. Ela planeja retornar sete meses depois.
Será um baque para todos. A mais extrovertida é também a única que fala inglês. "Eu me sinto como o centro do grupo, a que tem de estar atenta a tudo", revelou.
A Folha acompanhou a vitória do time de Obina por 1 a 0 contra o Jiangsu, no último dia 7. O jogo foi no bem cuidado estádio da cidade. Com capacidade para 40 mil pessoas, teve um público de só 10.156 pagantes num sábado à tarde. Todos sob a forte vigilância tanto de policiais como de militares fardados.
A torcida parece gostar de Obina, artilheiro do clube neste, com cinco gols.
Naquele dia, mesmo entrando só no segundo tempo e com uma atuação discreta, foi o único da equipe a ser homenageado com duas faixas e ter seu nome gritado pela pequena torcida organizada.
"O Obina não está gordo, ele é forte", disse o torcedor Ma Liandao, que foi ao estádio com a bandeira do Brasil, ecoando na China uma crítica recorrente ao longo da carreira do atacante de 28 anos.
Dentro de campo, as primeiras semanas foram mais difíceis. A má atuação no primeiro mês fez até surgirem rumores na imprensa local de que o jogador era na verdade um irmão de Obina.
A situação melhorou com os gols _entre outros, anotou dois numa mesma partida do Campeonato Chinês e ainda fez um de letra pela Copa dos Campeões da Ásia.
O time, porém, está em crise. Eliminado logo na primeira fase da Copa dos Campeões asiática, principal objetivo do ano, acaba de demitir o técnico croata Branko Ivankovic, com quem Obina e Renato se comunicavam por meio de dois intérpretes: do croata ao mandarim e do mandarim ao espanhol. Não há tradutor para o português.
"O tradutor é apenas na hora de falar com o treinador", diz Obina. "Eu não sei nem qual é a posição do Shandong no campeonato [está em oitavo], não dá pra ver a tabela nos jornais."
"A tradução muitas vezes é ruim", conta Renato. "Uma vez o intérprete me disse: 'Você tem de cabecear'".
Fora do clube, a barreira da língua é ainda maior. Para ir às compras, as mulheres vão apenas com um motorista, que não fala inglês.
Depois de uma frustrada incursão a uma churrascaria chinesa, onde havia até couve-flor no espeto, o grupo só come em três restaurantes da cidade: McDonald's, Pizza Hut e um de comida italiana. A maior parte das refeições é feita em casa.
Obina e Renato, no entanto, já são até veteranos se comparados ao atacante neozelandês Shane Smeltz. Contratado em julho do ano passado, ele se apavorou ao conhecer Jinan _aguentou apenas cinco dias na cidade.
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